BARCELONABUENOSAIRES Cada um de nós tem suas razões para gostar de viajar- a minha é a descoberta de obras arquitetônicas excepcionais , museus e a descoberta de novos sabores e receitas gastronômicas, além, é claro, de conhecer gente, cultura, arte, etc. Acabo de voltar de Barcelona onde descobri obras arquitetônicas incríveis- uma delas é internamente similar a outra em Buenos Aires. Barcelona e Buenos Ayres, ambos surpreendem pela quantidade e qualidade de obras arquitetônicas- Barcelona pelas obras de Gaudí e por edifícios contemporâneos e Buenos Aires mais por edifícios históricos mas também por obras moderníssimas e intervenções urbanas admiráveis. As obras que desejo destacar hoje são o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, o MACBA e o MALBA de Buenos Aires- museu que abriga a coleção Costantini.
MACBA MUSEU D’ART CONTEMPORANI DE BARCELONA, projetado por Richard Meier é muito parecido internamente com o MALBA de Buenos Aires feito pelo escritório de arquitetura, AFT+Partners (Atelman, Fourcade e Tapia) e o MACBA – MUSEU D’ART CONTEMPORANI DE BARCELONA, feito por Richard Meier.
Embora as entradas sejam diferentes, o MALBA é muito iluminado por luz natural, enquanto o MACBA é inicialmente escuro mas fica claro quando adentramos o centro do poço central.
Ambos são claros, tem estruturas monumentais de cortina de vidro, até parecidas, muito transparentes. A praça do MACBA, por causa de suas rampas, é um site favorito de skatistas.Já o MALBA olha para uma avenida movimentada e um edifício antigo do outro lado.
O que é incrível é que a planta dos dois é muito semelhante- uma área central na entrada (o espaço vazio deste poço central é mais amplo no MALBA e mais estreito no MACBA- ambos usam longas rampas de acesso aos pisos superiores e inferiores e muita luz, muita transparência. Externamente o edifício de Richard Meier até impressiona mais com sua volumetria reta contrastada por um volume com curvas, como se tivesse ganho um pitada de Gaudí para lembrar Barcelona. Na verdade a intenção de Richard Meier era de fazer uma suave transição entre a luz intensa da cortina de vidro e as salas escuras onde estão expostas as obras.
O museu de Buenos Aires, \ ganha com os reflexos maravilhosos na sua cortina de vidro. Neste caso o poço central museu é todo iluminado uniformemente com a luz natural.
Acredito que nenhum arquiteto consegue visualizar totalmente a sensação que seu espaço irá criar no espectador- e nem todas as sombras a cada hora do dia. O MACBA oferece um verdadeiro espetáculo de sombras- vide foto – e ambos deleitam o espectador com a quantidade de luz interna. Ao caminhar pelas rampas internas somos banhados por luz e sombras projetadas da estrutura da cortina de vidro. É um lindo bailado construtivista.
A estrutura de Richard Meier ganha leveza pela sua brancura, característica do autor, enquanto o de AFT ganha pela própria leveza e geometria da estrutura- que é fascinante.
O MALBA tem um “plus” que só é descoberto no verão- no fim de novembro/começo de dezembro quando os jacarandás florescem em Buenos Aires. Seu edifício “sorri” com os jacarandás em flor. É como se estivéssemos vendo um lustre lindo que se ilumina todo e brilha quando acendem a luz. Este é o efeito dos jacarandás no edifício do MALBA- que não acontece no MACBA- cuja praça é bastante nua de vegetação. Ambos recebem curadoria impecável. Quando estive no MALBA no ano passado havia uma retrospectiva de Marta Minujin muito bem montada. O MACBA está expondo Muntadas- excelente exposição- e um filme imperdível de Anri Sala: 1395 Days Without Red- um projeto colaborativo entre Sejla Kameric e Anri Sala.- O filme trata dos mil trezentos e noventa e cinco dias que durou o cerco a Sarajevo. Entre 1992 e 1996 os cidadãos tiveram que atravessar a cidade ameaçados por franco-atiradores a cada esquina, toda vez que iam ao trabalho, comprar comida ou visitar a família. A câmera segue uma mulher que atravessa a cidade, parando em cada esquina e tentando chegar ao ensaio da orquestra da qual faz parte. Ao mesmo tempo vai rememorando as partes que toca no concerto enquanto percorre seu infindável e torturante caminho. É um filme inesquecível. Assim como o museu que o abriga!