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04/12/2011

UMA EXPOSIÇÃO IMPERDÍVEL: UMA AULA DE ARTE CONCEITUAL E MINIMALISTA

 
 
 

Desde que conheci o trabalho de Jac já admirava sua arte e tinha consciência de sua genialidade.  Pois apresentar uma critica política por meio de objetos reais figurativos é fácil- ainda que requer criatividade e técnica- seu tio Nelson Leirner é mestre nisto.  Mas colocar uma idéia política por meio de arte construtiva minimalista- por meio de objetos puramente geométricos é o máximo de criatividade.

Me parece que uma boa parte dos Leirners é compulsivo colecionador.  Jac não foge à regra.    Seu atelier tem gavetas e gavetinhas cheios de coleções de objetos – chaveiros, objetos do cotidiano.  São como soldadinhos de chumbo, à espera de uma “ordem” criativa para arranjá-los  num jogo de significados e apelo ao senso estético. Tendo iniciado minha vida de artista muito tardiamente, finalmente percebi o quanto sofrido é executar uma obra “autoral”.  É uma vontade, teoria, ou critica-  que paira em seu pensamento e que quer ser concretizado para poder ser melhor entendido por você mesmo ou para a sociedade em geral. Pois só colocá-lo em palavras não é o suficiente para demonstrar exatamente seu propósito. Precisa da arte para enfatizá-lo , para chocar, para se perpetrar como pensamento. Pode levar meses ou até anos desenvolvendo-se em sua mente até adquirir corpo.  A série de dinheiro “os  cem” de Jac mostra de forma genial o desdém à inflação e ao valor que a sociedade atribui ao dinheiro.  E o mesmo acontece com “corpus delictii” série de objetos roubados de aviões transformados em objetos de arte.  Veículos de idéias.

O que me fascina em Jac é a idéia criativa aliada à estetica impecável.  Tenho visto por aí muita arte conceitual executada tão porcamente que me lembra aqueles fulanos gordos de calção largo com suas partes íntima saindo pra fora do calção, chinelo arrastando pelo chão, lavando carro na rua.  A obra de jac se opõe ostensivamente a isto -sua técnica  e percepção visual tem a acuidade de uma ponta de compasso.  Tudo é meticulosamente montado.  Seu senso para combinação de cores, sua ocupação do espaço.  Posso dizer que tenho fascinação por seu processo criativo.  Gostaria de estar escondida no seu cérebro observando suas divagações artísticas.

Um dos trabalhos que mais gosto é uma sala com uma só tira de fita colorida dando a volta toda na sala. Uma festa para os olhos.

Na série de stickers- cada trabalho deve ser bem observado pois cada adesivo tem algo a ver com os outros do mesmo trabalho. Todos fazem parte de um todo com assunto ou idéia comum.

As séries de envelopes formam uma textura maravilhosa- que já seria um lindo trabalho ainda que não fosse conceitual- que não trouxesse uma idéia por trás.

Se você aprecia arte com estética minimalista e  impecável, não perca esta exposição- é uma aula!

Estação Pinacoteca – Largo General Osório, 66 São Paulo, SP – Tel. 55 11 3335-4990 – até 26/fev/2012