FOTOGRAFIA – EXPOSIÇÕES

02/02/2012

BARCELONABUENOSAIRES

 
 
 

BARCELONABUENOSAIRES Cada um de nós tem suas razões para gostar de viajar- a minha é a descoberta de obras arquitetônicas excepcionais , museus e a descoberta de novos sabores e receitas gastronômicas, além, é claro, de conhecer gente, cultura, arte, etc.  Acabo de voltar de Barcelona onde descobri obras arquitetônicas incríveis- uma delas é internamente similar a outra em Buenos Aires. Barcelona e Buenos Ayres, ambos surpreendem pela quantidade e qualidade de obras arquitetônicas- Barcelona pelas obras de Gaudí e por edifícios contemporâneos e Buenos Aires mais por edifícios históricos mas também por obras moderníssimas e intervenções urbanas admiráveis.  As obras que desejo destacar hoje são o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, o  MACBA e o MALBA de Buenos Aires- museu que abriga a coleção Costantini.

MACBA fachada frontal- praça

MACBA MUSEU D’ART CONTEMPORANI DE BARCELONA, projetado por Richard Meier é muito parecido internamente com o MALBA de Buenos Aires feito pelo escritório de arquitetura, AFT+Partners (Atelman, Fourcade e Tapia) e o MACBA – MUSEU D’ART CONTEMPORANI DE BARCELONA, feito por Richard Meier.

MALBA- Vista para edifício vizinho

Embora as entradas sejam diferentes, o MALBA é muito iluminado por luz natural, enquanto o MACBA é inicialmente escuro mas fica claro quando adentramos o centro do poço central.

MACBA interior

 

MALBA- interior

Ambos são claros, tem estruturas monumentais de cortina de vidro, até parecidas, muito transparentes.  A praça do MACBA, por causa de suas rampas, é um site favorito de skatistas.Já o MALBA olha para uma avenida movimentada e um edifício antigo do outro lado.

MACBA- vista da praça

O que é incrível é que a planta dos dois é muito semelhante- uma área central na entrada (o espaço vazio deste poço central é mais amplo no MALBA e mais estreito no MACBA- ambos usam longas rampas de acesso aos pisos superiores e inferiores e muita luz, muita transparência.   Externamente o edifício de Richard Meier até impressiona mais com sua volumetria reta contrastada por um volume com curvas, como se tivesse ganho um pitada de Gaudí para lembrar Barcelona. Na verdade a intenção de Richard Meier era de fazer uma suave transição entre a luz intensa da cortina de vidro e as salas escuras onde estão expostas as obras.

MACBA- ingressando no hall central

O museu de Buenos Aires, \ ganha com os reflexos maravilhosos na sua cortina de vidro.  Neste caso o poço central museu é todo iluminado uniformemente com a luz natural.

MALBA- os lindos reflexos

MALBA- reflexos

Acredito que nenhum arquiteto consegue visualizar totalmente a sensação que seu espaço irá criar no espectador- e nem todas as sombras a cada hora do dia.  O MACBA oferece um verdadeiro espetáculo de sombras- vide foto – e ambos deleitam o espectador com a quantidade de luz interna.  Ao caminhar pelas rampas internas somos banhados por luz e sombras projetadas da estrutura da cortina de vidro.  É um lindo bailado construtivista.

MACBA- rampa de acesso aos pisos

MACBA- lateral onde estão as salas de exposição

A estrutura de Richard Meier ganha leveza pela sua brancura, característica do autor, enquanto o de AFT ganha pela própria leveza e geometria da estrutura- que é fascinante.

MALBA- estrutura leve

MALBA- estrutura e iluminação

O MALBA tem um “plus”  que só é descoberto no verão- no fim de novembro/começo de dezembro quando os jacarandás florescem em Buenos Aires.  Seu edifício “sorri” com os jacarandás em flor.  É como se estivéssemos vendo um lustre lindo que se ilumina todo  e brilha quando acendem a luz.  Este é o efeito dos jacarandás no edifício do MALBA- que não acontece no MACBA- cuja praça é bastante nua de vegetação. Ambos recebem curadoria impecável. Quando estive no MALBA no ano passado havia uma retrospectiva de Marta Minujin muito bem montada.  O MACBA está expondo Muntadas- excelente exposição-  e um filme imperdível de Anri Sala: 1395 Days Without Red- um projeto colaborativo entre Sejla Kameric e Anri Sala.- O filme trata dos mil trezentos e noventa e cinco dias que durou o cerco a Sarajevo.  Entre 1992 e 1996 os cidadãos tiveram que atravessar a cidade ameaçados por franco-atiradores a cada esquina, toda vez que iam ao trabalho, comprar comida ou visitar a família.  A câmera segue uma mulher que atravessa a cidade, parando em cada esquina e tentando chegar ao ensaio da orquestra da qual faz parte.  Ao mesmo tempo vai rememorando as partes que toca no concerto enquanto percorre seu infindável e torturante caminho.   É um filme inesquecível.  Assim como o museu que o abriga!

 
06/08/2011

Deleite fotográfico na Vila Madalena (pt)

 
 
 

Passar horas no trânsito para atravessar a cidade e comparecer a vernissage de outros fotógrafos pode parecer loucura mas a verdade é que me renova. E possivelmente o faz para outros fotógrafos. Ver como outros olham a mesma cena nos desperta, nos ensina a perceber que há tantas outras maneiras que você poderia ter usado para fazer a mesma coisa- mas não o fez- te faz pensar ainda em outras soluções, outras maneiras de abordar o mesmo tema e até mesmo de como usar outras midias.

Outra noite eu visitei uma exposição de 17 fotógrafos. Alguns abordam os temas de maneira muito semelhante a minha. Outros viajaram para o outro lado de seu cérebro para expressar seus pontos de vista. Eu falo da exposição “UMA COISA SÃO DUAS” na Galeria Impar, curadoria de Eder Chiodetto. A casa estava tão lotada que vc tinha que pedir para a pessoa sair para vc ver os trabalhos na parede. Com boa razão.
Tres trabalhos realmente se destacam. O primeiro é uma colagem fotográfica de partes de corpo e elementos arquitetônicos por Jaacqueline Schein- uma maneira diferente de montar a colagem meio tipo Grete Stern, que efetivamente acorda os receptores sensuais do espectador. O segundo é o trabalho de Oscarlina Bandiera, que trabalha também como instrumentadora cirúrgica. Muitos de seus trabalhos são fotos de cirurgias- algumas difíceis de se adivinhar que são partes de um corpo humano. A foto da mostra, ao contrário, é a foto de uma mão sem pele, ou melhor, a pele está completamente levantada, expondo toda a anatomia dos tendões. É chocante mas você não consegue parar de olhar. A foto está montada numa caixa de luz é quase gritante. Ela incita a dor mas ao mesmo tempo as cores são tão vivas e de uma combinação tão perfeita que quase parece ser de plástico. A terceira por Gabriela Oliveira- minha favorita desta mostra é uma série de três fotos pb de árvores desfolhadas, nuas, e que foram bordadas com fios de seda. De longe parecem uma dupla exposição ou um sanduiche de negativos. Um olhar mais cuidadoso revela a textura produzida pelo bordado delicadíssimo. Três autênticas jóias- só uma de cada! Imperdível!

Galeria Ímpar, Rua Mourato Coelho 1017, Vila Madalena, São Paulo, Brasil. Ph #: 5511-2645-4480. Sept´1st through Oct 7th