10/10/2011

O POEMA NA FOTO

 
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O POEMA NA FOTO

 

Bronzeados, sorriem, as duas crianças no colo do meu esposo.

O sol está cansado depois de um dia na praia.

Meu filho não tem o olhar de uma criança de apenas três anos

mas seu braço se apoia completamente sobre o do pai,

dedos do filho seguros ao polegar do pai.

Minha filha repousa seu braço sobre o do irmão, sua cabecinha

levemente recostada, esconde

a mão de meu esposo que afaga

seus cachos de seda, de um ano.

 

Meu esposo é o único que sorri diretamente à câmera,

suas linhas em paz.

Ele sabe

que essa foto ainda terá voz

muito depois do vento soprar o sol

ao silêncio.

 

2 Responses to “O POEMA NA FOTO”

  1. Ester;
    Que fantástica postagem. Isso, que é o mais simples, que é a mágica da fotografia, que, para mim, é um dos maiores prazeres da fotografia -ter os entes queridos nelas. O poema é tocante porque faz reverberar em nós os mesmos sentimentos quando vemos as nossas cenas.
    Sou, talvez de forma muito arraigada, fã do Protágoras. Como ele penso ser o homem a medida de todas as coisas, então penso a fotografia sempre como uma carícia, uma compaixão, uma ligação com uma situação humana que é narrada compassivamente. Não gosto, não me atrai, a fotografia idealizadora, atrai-me essa coisa que parece pequena e é, no fundo, a verdadeira.
    Obrigado por me mostrar este poema-e-foto.

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